Ficámos a saber esta semana que o
Governo, no seguimento da sua febre liquidatária, estabeleceu já o prazo para a
privatização total dos estaleiros navais de Viana do Castelo. Nem privatização
parcial, nem parceria com privados. Simplesmente privatização total e rápida,
com certeza a preços de saldo ou ainda pagando algum bónus aos caridosos
privados que façam o favor de ficar com a empresa…
É estranho tudo isto acontecer
sem uma palavra do Presidente da República. O tal Presidente da República que
no seu discurso de 10 de Junho de 2010, gritava bem alto o desiderato português
de “voltar ao Mar”. Menos estranho – dado que pouco ou nada resta do que foi
dito antes de Junho de 2011 – mas igualmente curioso, é o facto de aqueles que
hoje são Governo quererem proceder a tão rápida privatização dos estaleiros de Viana
de Castelo quando, pasme-se, apontavam em campanha eleitoral o caminho do mar
para a nova Era Dourada Portuguesa. Também por explicar nesta – mais uma –
delapidação do património público, fica o facto de o Governo se recusar a
gastar 3 milhões de euros na matéria-prima necessária para cumprir a encomenda
do governo venezuelano de 100 e muitos milhões de euros…encomenda que será
cumprida certamente pelos tais caridosos privados que façam o sacrifício de
ficar com os estaleiros – será por isso a pressa na privatização?...
Mas na mesma semana que foi
apresentada mais esta medida de excelente gestão do Governo, houve uma notícia
que sendo paradoxal, não obteve o mesmo destaque informativo: a descoberta no
Cais do Sodré em Lisboa de uma gigantesca rampa de lançamento de embarcações,
datada do século XVI. Referiram os arqueólogos responsáveis pela escavação que
esta estrutura fazia parte dos estaleiros que a Coroa portuguesa mandou
construir ao largo da zona ribeirinha para através das embarcações ali construídas
– do mar – pagar as contas do reino.
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